sábado, 22 de dezembro de 2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

8 ou 80

Meus extremos não se comunicam. São inimigos eternos. São duas cidades a quilômetros de distância. E a viagem entre elas têm a longa duração de um par de dias. Tempo suficiente pra decidir em qual estarei. Parar no meio do caminho é algo absolutamente raro. Não vou dizer que não acontece. Tem vezes em que não dá pra controlar.
Neste jogo não é o número maior que prevalece. E não há sequer um equilíbrio. É uma balança que só entorna para um dos lados, nunca ficando no meio. Ora um, ora outro.
Existe um grande paradoxo aí porque eu penso mas não falo. Não conto. Questões polêmicas sempre ficaram em cima do muro. Não gosto de lavar roupa suja em público. Prefiro tratar esses assuntos com mais discrição.

Toda vez em que venho aqui escrever eu procuro passar coisas minhas. De uma forma sutil, superficial até. Sem levantar bandeiras pro que penso ou deixo de pensar. Já me falaram que meu discurso é meio moralista(risos). Mas é auto-moralista porque escrevo tentando "me" deixar uma mensagem. Acho até que isto é uma forma de se posicionar. Afinal, o que escrevo é só o que escrevo.

Às vezes 8, às vezes 80... não dá pra negar.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O fim do mundo

Você acredita mesmo que o mundo vai acabar? Olha, ainda dá tempo de fazer algumas coisas. Dependendo da sua situação financeira até pode se dar ao luxo de ousar extravagâncias, excentricidades. Se não tem posses é melhor se contentar com coisas mais fáceis, qualquer programa limitado a 48 h.

Eu não penso que o mundo vai acabar, não este mundo. Talvez acabe alguma coisa. A fome, por exemplo. A corrupção. A violência. A ganância. A miséria. Seria ótimo, pra começar. Num outro plano, talvez a data anunciada como "fim do mundo" possa ser um divisor de águas astral, mas refletindo diretamente no ser humano.

Uma excelente frase de Fito Paez que diz: "cuando todo se termina todo vuelve a empezar". Isso É a vida e não o fim do mundo. O fim na verdade está próximo e distante. Nunca vamos ter certeza. Esqueçam as previsões, elas vão até a próxima esquina, até a semana seguinte.

Todas estas barbaridades que acontecem, isso sim, é o fim do mundo. O resto, vai mudar, sim, se nós quisermos.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Influências

Nunca fiz um show com toda minha família na plateia. A pessoa mais presente nessa empreitada é a minha mãe. E olha que não é uma coisa fácil. Demanda uma logística apertada pois moramos em cidades diferentes e, qualquer esforço inviabiliza o encontro.
O máximo que consegui, em apresentações isoladas, foi ter algum deles por perto, o que me causava um misto de felicidade e pavor, quiça esperando um olhar desaprovador. Mas isso era bem no comecinho de tudo.

Anos se passaram e alguns não estão mais entre nós. Não tive a felicidade de tocar pra tanta gente de que gostaria. Pessoas queridas que apontaram um rumo e que, de uma forma ou de outra, acreditaram na minha escolha de ser músico. O que não é nada fácil. Conotações negativas a SER músico dariam pra encher um caminhão, parafraseando Nei Lisboa.

Estou planejando um show na minha terra natal em que possa reunir o maior número de familiares possíveis. A ideia é me cercar de pessoas que foram e são importantes pra mim. Pessoas que participaram direta ou indiretamente de acontecimentos marcantes e deram sua contribuição para o que me tornei hoje musicalmente. Tudo o que bebi diretamente da fonte familiar foi o principal ingrediente que moldou a essência que aqui habita.

Espero poder reencontrar todos, senão a maioria, e matar e saudade de tempos remotos. E o que é melhor, cantar e cantar e cantar...


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"Canja"

Não, não vou falar sobre como fazer uma canja de galinha. Essa "canja" do título refere-se a canja musical. Eu explico: numa linguagem musical que até ultrapassou os limites do palco e estendeu-se a leigos e plateia. Isso de dizer leigo não deve conferir detrimento pessoal, apenas retirar o conhecimento sobre "nossas" gírias musicais. Hoje em dia, o que era privilégio da família, agora os amigos mais próximos também ganharam acesso ao vocabulário musical através da www. O que antes acontecia na roda de samba.
Bom, lá vai... a canja pode ser um momento perturbador, em muiiitooos casos. Ou de alívio em outros. Vou explicar/tentar:

No início da minha vida profissional eu "deixava" qualquer pessoa cantar. Bastava dizer que "sabia" cantar. Um estranho aparecia e pum, já cantava, ou melhor, ou pior, desafinava, fazia fiasco! E que fiasco. Na maioria dos casos, hein. A probabilidade enfraqueceu com o tempo. Hoje todo mundo canta e toca um instrumento. Coisa séria(risos).
Às vezes a pessoa não dava pinta e chegava lá e cantava no tom. Agradava. Agradável.
No decorrer das "canjas"(tinha shows que era virado em canja) o desconforto era insuportável. O público se recusava a pagar o "couvert" artístico e gerava um clima pesado entre proprietário, músicos e clientes.
Cansei de estar tocando e chegar alguém dizendo: cara, tem um amigo meu ali na mesa que canta e toca. Dá pra ele tocar? Acho que todo músico já ouviu essa frase. Não é nenhuma novidade.

Olha, tem muito amador que se acha músico e muito profissional que não é. O mundo está errado? Não que eu saiba.

Com o tempo aprendi a dar canja somente para músicos que conheço, que já ouvi tocar. E isso tudo depende do lugar em que você está. O bar é um local mais despojado e que permite essa "troca" de energia, essa diversidade. Afinal, o idioma é o mesmo.

Tem casos em que você está a milhas e milhas do intervalo e entra um desses músicos conhecidos e você precisa ir ao banheiro. Como é o nome do filme? Tempo de Glória(risos). Ufa, que alívio. Às vezes não dá pé, vai na raça mesmo. Probabilidades estatísticas apontam um número considerável de músicos quando você está em forma e não precisa ir ao banheiro(risos). O que tem que ver a forma com o conteúdo? O conteúdo molda a forma?

Santa Maria devia criar o Festival da Canja, com direito a duas músicas por artista. Uma cover e uma autoral. Seria bacana mostrar o talento de artistas que estão começando e que procuram um espaço viável.

Fui...


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A espera

Esperar... esperar é um dom. Não adianta querer encurtar esta etapa. Ela é intocável. É no tempo dela. Pensei nisso enquanto pensava no que escrever. Esperando, aguardando um fragmento que fosse. Uma pista qualquer que me desse um norte.
Esperar uma palavra pra canção, uma rima, uma frase que encaixe na métrica. Uma solução. A espera pode ser cruel ou prazerosa. Depende de você.
Aqui onde estou, Maroon 5 na trilha ao fundo, quer dizer, mais ao alto do que ao fundo, me embaralha o pensamento. Tento pensar em coisas que demandem uma boa espera e a música atrapalha ao invés de ajudar. Não é um viés. Não dessa vez.
Por que esperamos? Esperamos antes de entrar em cena. Esperamos as cortinas se abrirem. Esperamos os aplausos. Às vezes eles nunca vêm. Esperamos o silêncio, a pausa. O grito. O brado. Esperamos a loucura. À exaustão.

Esperar.

Esperar.

Esperar.

O cansaço passar e então retomar.

O milagre acontecer. 

O tempo prever.

A chuva passar.

A noite entrar.

Meu amor voltar.

Esperar dias-meses-anos-segundos. E a tua voz vem bem em qualquer espera, em qualquer tempo. No tempo dela.



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Decalque ou recalque?

Sentado ao lugar de sempre, cadeira e mesa de sempre. Café duplo e uma água com gás para acompanhar. Calor e filtro solar fator 50. Só assim pra suportar o clima escaldante de Santa Maria. O Pedro Bial é que tá certo: use filtro solar. A decisão é sua!
Mas não é disso que eu vim falar... o que eu vou falar hoje? Ah, lembrei de uma história.

Neste tempo todo de estrada, entre outros fatos, era, é, será, recorrente a "gentileza" de o dono de um estabelecimento "presentear" o artista com um adesivo contendo a logo do bar. Adesivo este, de preferência, próprio para o carro. Não é preciso dizer que passei a vida toda recusando este acessório. O que, às vezes, gerava uma espécie de desconforto entre as partes. Eu tentava explicar, inutilmente, tentava, que meu carro desapareceria em meio a tantos adesivos(risos). Na verdade eu tenho aversão a este tipo de coisa. Colocar um ou dois adesivos vá lá, mas encher o carro de adesivo é demais, né?
Já vi e conheço músicos que colocam no "case" do instrumento e achei bem banaca. Claro que essa observação é antiga e, a decisão/comparação é nova.
Tudo me leva a crer que serei mais um a aderir à "moda" do case estampado(risos).

No meu tempo chamávamos isso de decalque.

À propósito, a mesa continua bamba...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mesa bamba

Frequentar um local com a mesa bamba é um martírio eterno no tempo em que você ficou ali.
No caminho pra cá, caminhando contra o vento, vinha forçando a cuca pensando no que iria escrever. Foi só chegar ao lugar de sempre, sentar à mesa de sempre pra tudo tomar forma.
Tomar um café numa mesa bamba, jogar xadrez numa mesa bamba, jogar poker, canastra, futebol de botão, buraco, gamão, sinuca, pra citar alguns, é uma tarefa perturbadora. Ir à um bar pra tomar um chopp, sentar com os amigos, pedir um petisco e a mesa lá, bamba, é um erro imperdoável, intolerável!

Fazendo uma simples comparação, o desequilíbrio da mesa é igual a nossa vida. Às vezes ela também fica bamba, se desequilibra, entorna, e ficamos desesperados tentando recoloca-la de volta no eixo, no nível. Tem vidas que passam a VIDA toda na corda bamba. Tem vidas que balançam pra lá e pra cá, no balanço das ondas. Mas é completamente impossível ficar no centro.

Vai ver que as mesas de bares, cafés e restaurantes também saem do prumo por conta própria.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O som

Me contaram uma história de que eu fora prejudicado pelo som. Que novidade! Fui prejudicado pelo som a vida toda. Mas não mais injustamente do que o Tim Maia(risos).
O equipamento de som que uso nas apresentações não é sempre o mesmo. O que às vezes compromete sua qualidade. Nesses 20 anos de estrada(Nossa, tudo isso?) passei metade desse tempo juntando esforços para adquirir um equipamento que atendesse minhas humildes expectativas. E não foi nada fácil. Confesso que ainda não atingi o ponto alto desta questão. O problema é parar a obsolescência programada tecnológica, que não tem planos de parar.
Mas voltando ao som... na maioria dos casos o som é contratado separado e são distintos, variáveis. O que pode deixar o show ótimo, morno ou em péssimas condições.
Tenho uma tese bem prática que funciona da seguinte forma: se o artista for bom e o som ruim, o artista será bastante prejudicado. Se o artista for ruim e o som bom, não fica tão feio. Podendo o artista sair-se bem, inclusive "crescer" durante o show. Agora, se o artista e o som forem ruins, ah meu amigo, não terá jeito. Nem com a pecinha atrás do botão(o técnico).
Estes são parâmetros simples e servem pra ilustrar a realidade de músicos(artistas) que dependem de uma sonorização confiável.
São tantas as circunstâncias que podem prejudicar um show que a culpa no som acaba se tornando terminantemente banal. Mas isso fica prum próximo post...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

What song are you listening to?

Calçadão de Santa Maria: avisto uma dezena de pessoas portando fones de ouvido e fico com uma vontade/coceira de querer decifrar o que estão ouvindo. Boto no Facebook uma frase comentando a cena. Uma amiga me manda um link do You Tube intitulado "What song are you listening to?" Algo como 'que música você está ouvindo?' Neste vídeo, um repórter, um curioso ou um desocupado, aborda transeuntes (portando headphones) e pergunta o que estão ouvindo. Me deu uma imensa vontade de fazer isso.
A postagem rendeu uma pequena discussão sobre o gosto musical dos passantes. Ou seja, a resposta poderia até ferir o bom gosto musical dos mais intelectualizados.
Outra coisa bem relevante: quem escuta música em seus fones SÃO pessoas discretas. Será? Ou se preocupam que o que estão ouvindo VÁ interferir no mundo? Ou não VÁ interferir? No mundo de quem?
Comparando: quem passa de carro com o som no último volume contribui para um mundo melhor? É pra vender o som ou pra pegar mulher? Que mulher é atraída por esse tipo de coisa?
A impressão que eu tenho, pra seguir pressionando a tecla, é que pessoas que tem "bom gosto" escutam música eu seus fones, imersos em seu mundinho musical. E pessoas que tem o gosto mais escrachado, insistem em dispersar o som aos quatro pontos cardeais. Concordam?


Escutar música nos fones é uma forma saudável de fugir da realidade e da poluição sonora/visual a que estamos expostos.



Levantar essa questão deu tanto pano pra manga que resolvi fazer um trabalho na faculdade sobre essa cultura inquieta oculta, que só os ouvidos sabem.

My favorite song is music... All.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Eternal struggle

"Só é lutador quem consegue lutar consigo mesmo". Para abrir os trabalhos da semana uma frase de Drummond, que se faz necessária.
Como é difícil vencer a si mesmo, hein? Então emendo outra frase que completa esta: "quem vence os outros é forte, quem vence a si mesmo é poderoso", frase atribuída ao famoso filósofo chinês Lao Tsé.

Como resistir ao doce? Não sentir ciúmes? Como adestrar a paciência? Como vencer a si mesmo?
Aposto que já nos perguntamos isso...

Tem gente que passa a vida tentando vencer os próprios limites. Os atletas, por exemplo. Mas existem pessoas comuns que também fazem isso. E não é nenhuma prova de quebrar recordes e sim, uma luta diária, consigo mesmo.
Largar vícios e se reprogramar requer uma força de vontade gigantesca.

Enquanto tomo meu café, uma força vinda, não sei de onde, começa a frear meu raciocínio e desviar as atenções de minha mente, jogando-as para o alto. Memórias começam a surgir. Faço um breve retrocesso de minha vida até aqui e me dou conta de que venci muitas batalhas travadas comigo mesmo.

Como deixar de comer batata frita? Ficar sem café? Nem pensar!

É uma eterna luta diária, de todo mundo... cada qual com seu caminho...

P.S. Escolhi o título do post em inglês por parecer mais sonoro mas acho que me enganei(risos). Agora fica assim.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

No mesmo barco

Se todos os músicos estivessem no mesmo barco provavelmente estariam brigando pra tocar na banda do navio. Os que sobrassem teriam inveja dos que conseguiram.
Na hora de algum solo não faltaria candidatos pra dizer que fariam melhor. Se o cantor desafinasse então, a crítica seria pesada. Também não faltaria palavras pertinentes pra falar mal do som. E músicos não faltariam pra botar a culpa nele. Quem? No som!
Todos os estilos no mesmo barco, viajando juntos. Porém, alguns na primeira classe e, com direito a frequentar a cabine do Capitão. Os da segunda classe seriam aqueles que tentariam de tudo pra viajar de primeira classe, chegando ao ponto até de baixar o cachê. Os da terceira classe seriam os esquecidos. Seguiam viagem descascando batatas no porão. Um dia foram da primeira classe e o sucesso passou rápido demais. Ego demais. Drogas demais. Exposição demais.

No mesmo barco sobre o mesmo tapete. Sob a mesma luz. Todos os estilos.
Pra tocar na rádio do navio só quem podia mais. Senão só em programa da madrugada, uma vez por mês. As regras eram cruéis!
Uma vez por semana um encontro "imprevisto" no café do navio. Pra que? Falar mal dos outros, músicos!
Isso sem contar em quem acha que o seu instrumento é melhor ou invejar o instrumento alheio.

Se ocorresse um naufrágio só teriam botes para a primeira classe. Neste caso, o Capitão, maestro nas horas vagas, seria o primeiro a abandonar o navio.
Alguém é louco de fazer um cruzeiro desses?
Melhor é fica à deriva numa ilha deserta e tentar outra profissão...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ah, se minha planta falasse

Não tenho a menor vocação pra cuidar de plantas. Meu caso de amor com as plantas é um descaso total(risos).
Minha mãe sempre insistia pra eu comprar uma planta, por mais simples que fosse. Eu fingia não escutar. Até que ela resolveu me dar uma. Toda vez que nos falávamos ela perguntava da planta. 'Tá lá no canto dela, quietinha', eu respondia. Daí eu LEMBRAVA da planta, que a essas alturas já estava toda seca. Enchia ela de água achando que dava água prum camelo, que não haveria consequências.
E a novela não parava aí, pois ficava trocando a planta de lugar: varanda, área de serviço, pátio, churrasqueira, sacada. E a planta não gostava de nenhum dos lugares(risos).
O pior era minha mãe aparecer e constatar de que eu não cuidava da planta, já que fora minha incumbência.
Pô, se as plantas falassem iam facilitar a vida de muita gente como eu...
"To com sede","quero ficar no sol", "quero ficar na sacada"...
E se eu disser que enquanto conto esta história tem uma planta em casa me esperando? É demais, né?(risos).

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Aplausos ou vaias?

Às vezes gostaria de sobreviver de aplausos ou de elogios. Mas aplausos e elogios apenas massageiam o ego da gente. Pagar contas nem pensar. Digamos que são mais um complemento da vida do artista, assim como compor, tocar, etc. Será? Compor, tocar faz parte de dom, do talento. Receber aplausos é uma consequência... se o artista for bom. Ao contrário, não serão aplausos e sim, vaias.
Já li em algum lugar que é melhor receber vaias do que nada. Nelson Rodrigues dizia que as vaias são os aplausos dos desanimados. Por um lado ele tem razão. Mas quem vai aos shows sabe o que vai encontrar, né? Ou não sabe?
Nos saudosos festivais da canção, onde a concorrência era proeminente, as músicas propostas estavam ali buscando uma classificação, um prêmio. Ou ainda, usar o pano de fundo contextual para protestar contra a ditadura. Seu público predominante era a juventude, que compondo seus "grupos" apoiavam esta ou aquela canção preferida. Aplausos e vaias, muitas vaias eram inevitáveis.
Tirando o axioma "toca Rauulll", eu digo que o público hoje em dia é bastante moderado comparado a tempos anteriores.
Sobram aplausos e faltam vaias. Faltam aplausos e sobram vaias.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Anseio

Detesto filmes que demoram pra começar. Músicas que a voz demora pra entrar. Aperto logo o botão pra apressar. Sou ansioso por natureza. Ficar em filas pra mim é um martírio. Fila de banco, supermercado, restaurante. É um saco!
Não curto multidões. Multidão só serve pra mergulhar na solidão. Solidão às vezes me faz ficar cheio, repleto.
Um músico que não gosta de multidão só pode ser anormal, né? Que isso, só vale se eu estiver no palco e a multidão na frente, então fica tudo bem, pra não dizer perfeito!
Fazer compras eu gosto, se o mercado não estiver muito cheio. Senão fica todo mundo se atropelando. Sabe o horário ideal de ir ao super? Depois do meio dia! Fica beem tranquilo. Ver as coisas com calma, calcular os preços. Mas não perco a esperança de ter um supermercado só pra mim. Vai sonhando, amigo!

Tenho plena convicção de que revejo mais filmes do que assito filmes novos. A indústria cinematográfica anda tão fraca de conteúdo que prefiro reassistir filmes. O que sobra para a musical? Reouvir músicas. Atemporalidade é a ordem do(s) dia(s). Dias sem fim.

Tem um cara aqui na mesa ao lado com um notebook igual ao meu, até a cor. Brinco com ele sobre liquidação? Eis a questão. Que termo antigo. Hoje se fala Outlet(risos). Melhor não falar nada, o cara pode não gostar. A ânsia capitalista com o desejo socialista está em todos os lugares. A logo marca importa(importância) mais do que a máquina.

Tenho plena convicção de que sonho mais que estou acordado do que de olhos abertos sonhando.

Eu volto.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O futuro da música

Qual será o futuro da música?
Primeiramente, pensei nisso no sentido amplo, universal. Depois achei melhor entornar pro meu bairro. Então extendi até a região, pra poder aumentar as probabilidades de exemplos reais possíveis. Logo alcancei o estado e quando me dei conta já estava no país todo.
A música hoje está doente, debilitada, mas com os bolsos cheios. Os meus é que não estão! Infelizmente! Uma pena, ia ajudar tanta gente. Melhor me candidatar, né?
A cena musical e o sucesso são efêmeros e isso não vai mudar. O sucesso é um sonrisal, que dissolve em água num instante. O tempo da música, em seu formato, diminuiu pra caber mais e mais propagandas e o tom musical (pro vocalista) aumentou pra ficar mais apelativo - expressivo.
Acredito que a música seja como o amor, com o mesmo poder de transformar. A música liberta. Te leva a outros lugares. É companheira na fuga. Na solidão. Momentos bons e ruins.
Ora, que a música é uma coisa boa, não resta dúvida. O acontecimento dos acontecimentos.

Pausa... comecei tomando uma Coca, passei pro café e agora vou pro chopp! Efêmero, como a música. Meu happy hour iniciou cedo, hoje. Nota-se aqui que estou num ponto comercial, um café, por exemplo.

Mas ainda me pergunto: qual o futuro da música? Insisto!
Leva-la pra qualquer lugar? Pode ser. A tecnologia compactou incontáveis horas de música numa caixinha que você leva no bolso. O futuro é leva-la o mais longe possível.

Mas voltando a questão da música doente... não quero polemizar. Não vou perder meu tempo falando disso. Na minha posição o legal é não se posicionar. Quem sabe um dia ainda quebro o silêncio e falo algumas verdades. Afinal, a gente passa a vida toda lutando pelo que acha certo e muitas vezes isso vira um exército de um homem só. A questão resulta em sobreviver. Só gostaria de que a classe fosse unida. Ela é, unida aos panelões!

O futuro da música é seguir tocando. Este é o caminho, o caminho da música! Só não sei até quando...

Eu volto.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Meus heróis

Bem vindo outubro!
Noite chuvosa, café e leitura, o que mais posso querer? Só falta o tema.

Tava pensando no que o Cazuza dizia sobre seus heróis morrerem de overdose... pois sim, tive alguns deles também. Mas meus heróis reais morreram de AIDS! O próprio Cazuza, Renato Russo e, até onde se sabe, o Zacarias, dos Trapalhões e, Freddie Mercury, do Queen. Heróis estes, que estavam um pouco mais ao meu alcance, no quadrado do vídeo.
Cazuza foi um poeta, e me influenciou muito quando eu tinha 15 anos e ensaiava minhas primeiras letras.
Com Renato Russo não foi diferente: sua potente voz, seu desprendimento engajado, o raciocínio rápido em suas composições me chamaram a atenção e, por um tempo me espelhava nele.
Zacarias era um trapalhão diferente. Ele tinha uma luz instantânea, com seu humor e seu jeito, por vezes tímido, espalhavam graça ao redor. Era de uma ingenuidade pura e fez muita falta no humor brasileiro.
Freddie Mercury também me surpreendeu pela potência vocal. Sua maneira de interpretar era algo único. A primeira vez em que ouvi "Love Of My Life" foi um tiro no coração! Essa canção ficou ecoando durante minhas elementares viagens as cidades vizinhas. "We are The champions" era uma música que levantava qualquer baixo astral.
Um tempo depois vi na TV o show Barcelona, em que Freddie cantava com a cantora lírica Montserrat Caballé. Foi realmente incrível! Duas grandes vozes se digladiando(no bom sentido) e emocionando o mundo inteiro.
Essa turma está fazendo falta. Se estivessem vivos, Cazuza e Renato provavelmente seguiriam a moda neo literária e, paralelamente a seus trabalhos, lançariam livros. Zacarias, quem sabe, estaria na turma do Didi. Freddie, após uma longa carreira solo estaria reativando o Queen para uma possível "digressão"!
É isso, por hoje é só...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Escrito nas estrelas

Acho que nunca contei da fase que me coube acompanhar um transformista. Foi meio por acaso. Já o conhecia da noite por fazer pequenas intervenções nos bares noturnos. Sempre despojado e loucamente irreverente. Na metade dos shows ele pegava o microfone e fazia grandes imitações, animando a todos que estavam na plateia e, consequentemente, no palco. Era gargalhada geral! O cara realmente se "prestava".
As imitações mais frequentes eram da Tetê Espíndola, com a saudosa música Escrito nas estrelas, e transitava ainda por Maria Betânia e Adriana Calcanhotto.
Bom, mas falando da época em que tocamos juntos: um dia apareceu lá em casa pedindo que o acompanhasse. O que me causou um certo espanto! Ora, vamos lá, tudo é experiência, repeti pra mim mesmo.
O Monéti, esse era o apelido dele, costumava tocar em casamentos, despedidas de solteiros e eventos para professores, em que predominavam as mulheres, claro. Era tudo muito engraçado. Eu ria mais do que tocava.
Alternava entre uma peruca loira e uma morena. Se puxava na voz aguda pra fazer a Tetê Espíndola. Simplesmente era igual.
Nosso meio de transporte era um Corcel I laranja, todo baleado, que Monéti chamava carinhosamente de Sukita(risos). O carro vivia tossindo e Monéti dizia: vamos Sukita, não me deixe na mão(risos)!
Foi um período muito divertido e que me traz boas lembranças.
Há um tempo ele veio animar uma loja aqui em Santa Maria e eu tentei ir mas não lembro porque não consegui.
Quando regressar a Uruguaiana vou procura-lo e relembrar esses momentos.

domingo, 23 de setembro de 2012

Detetive

O músico de bar é muito observador. Nada escapa a sua vista. Expressões faciais, corporais podem ser pistas do que vem a seguir. Que música tocar? O que vem agora? Talvez uma das perguntas que mais me fazem é "qual é a primeira música do show?" Depende. Às vezes não tem isso. Num bar a coisa é mais espontânea. Eu olho pro público e decido na hora. Sacar a temperatura vai determinar o ritmo. Começar com uma música lenta. Uma batida mais forte. Música jovem. Música antiga. Música antiga regravada...
Uma cena frequente é chegar à tarde pra passar o som e encontrar resquícios da noite anterior: guardanapos com pedidos musicais. Dão uma ótima pista. Inclusive leva ao caminho da auto-atualização. Não poderia ser melhor. Afinal, a voz do povo é a voz do povo, não, de Deus. Nah, será que é mesmo? Tenho minhas dúvidas.

Você pode ser um bom detetive ou um ótimo detetive. Ou ser péssimo. E não existe escola pra isso. O tempo é que vai fazer todo o trabalho. Te dar o ingrediente principal. Sacar as coisas. Eu posso tocar horas seguidas e saber tudo o que está acontecendo ao redor. Dá pra ouvir até o papo dependendo da distância. Saber quem está gostando, quem não está.

E você, já brincou de detetive?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Instrumentos

Não, não vou falar sobre instrumentos musicais. Não desta vez.
Hoje quero falar do GPS, não aquele GPS do carro e sim do GPS da vida(ou pra vida).
Pra onde ir? O que nos motiva? O que nos guia? Qual caminho seguir? Como percorrer esse caminho?
A vida tem sinais, sim. Instrumentos que nos auxiliam a chegar onde quer que seja: O painel do carro, do avião, da moto, o led do violão(peraí, o led do violão?). Sim, uma simples luzinha atrás do corpo do instrumento avisa que a bateria vai acabar e, bem provavelmente vai dificultar minha vida(e eu que prometi não falar de instrumentos musicais). Ah, só dessa vez.
Tudo é um instrumento pra vida, pra guiar, facilitar, inclusive o GPS. Aquele do carro. Embora todos tenhamos um GPS embutido, mais conhecido como intuição.

Um dia antes de viajar meu carro apresentou um problema justamente no painel de instrumentos. Apagou tudo. Escuro total. E a viagem era à noite. O que fazer? Já estava em cima da hora e não restou dúvida. Eu já havia percorrido aquele caminho. Conhecia-o de cor. Decidi partir mesmo não sabendo minha velocidade, a capacidade do tanque de combustível e outros avisos luminosos. Foi um risco, eu sei. Aposto que não passei dos 80 permitidos. Você só passa quando está enxergando. Pura verdade.

Olhe as setas, elas sempre indicam um caminho. E o instrumento é você. Você é o instrumento do instrumento. Talvez a única coisa que siga livre seja o vento. Sem lenço nem documento...

Semáforos são misteriosos. Ninguém sabe o que vem depois que as luzes trocam de cor. O segundo do segundo. A arrancada. A metáfora.

E quando a saudade apertar pra qual instrumento você vai olhar?
Quando o bolso esvaziar? O fim do mês chegar?

Tudo é uma coisa só... o núcleo dentro do núcleo dentro do núcleo. Me procure que eu te procuro. Me ache que eu te encontro... usando um instrumento qualquer. Não um qualquer qualquer, um qualquer específico.

Intrumento pro coração...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tudo acaba em... música!

Hoje limpando minha bicicleta(que comprei e não uso) fiz uma descoberta incrível. Algo sem querer me fez tentar tirar som dos raios e, pasme, parecia uma harpa. O som saía bastante dissonante, nada tonal e vários raios tinham a mesma afinação. Foi muito bacana.
Acredito que o Hermeto Pascoal já deva ter feito essa experiência, se bem que não lembro de ter visto uma bicicleta no palco.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Esquisitices espitituais

Me puxei pra voltar a escrever senão ia ter muita gente desistindo de vir até aqui...
Hoje vou falar sobre esquisitices espirituais(é isso mesmo que está escrito). Não fui eu que inventei, não sei se existe mas acho que vem a calhar.
Bom, vamos lá... minha internet seguido dava problema, algumas vezes era verdade outras... não sei bem o que era. O técnico chegava, olhava, fuçava e dizia: não tem nada, tá funcionando normal!
O equipamento de som(que uso nos shows) é uma máquina que deve estar sempre em ordem. Porque uso semanalmente e quase não precisa fazer manutenção. Só mando arrumar quando estraga ou queima alguma coisa. Mas às vezes acontece o inimaginável: um ruído aqui ou ali, barulhinhos estranhos que depois passam(risos).
O violão também passa por esse processo: som diferente; ruído incomum, até parece que está tocando sozinho...
Outro dia a lâmpada lá de fora queimou. Fui tentar trocar e nada. Troquei duas vezes e nada. Chamei o eletricista. O cara chegou, subiu numa escada, mexeu na lâmpada e disse: não tem nada, tá funcionando perfeitamente. Ah não. Não pode ser. Olha mais uma vez. Satisfaça o meu pessimismo, que é de graça. Realmente!
É pessoal, vai ver que é espiritual o negócio...
Pesquisem na www. pra ver se existe!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Quando passei a entender as coisas, algumas coisas bem básicas, percebi que minha mãe mandava eu lavar o cabelo com sabão de glicerina. Era dos pés à cabeça(risos). Demorou um bocado pra conhecer o shampoo. Acho que só fui ter contato com ele na adolescência. Outra coisa que descobri nessa época foi a maionese. Antes não gostava. Preferia a mostarda. Lembro uma vez em que fui comer uma pizza na casa de um amigo e todos "atacavam" a maionese e, a mostarda ficava só pra mim.
Tive um amigo que gostava de pôr açúcar no pão. Manteiga e açúcar. Tinha outro que comia pão com ketchup.
Também tive um amigo que jogava bola descalço sobre as pedras.
Uma vez por questões espirituais fiquei um ano sem usar preto. Também fiquei um ano sem comer batata frita, dessa vez por questões esotéricas. Consegui a façanha de dois anos sem tomar Coca-Cola. Por questão nenhuma.
Coisas em que vou descobrindo, alguém me disse ou eu li em algum lugar.
Tem gente que vai achar bobagem, mas cada um tem seu caminho e sua própria maneira de percorrê-lo...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Celular

Não tenho Iphone. Acho que nunca vou ter. Nada contra quem tem. O celular ao meu ver é pra falar/escutar. E escrever também. Pois acho um barato esse lance de não precisar andar com um bloco de anotações embaixo do braço caso pinte uma inspiração.
Já tive celulares que me fizeram perder o "emprego"! Explico melhor: ele tocava, a bateria morria e eu ficava na mão. Podia(era) ser um contratante querendo um show... não preciso dizer que ele foi ligar pra outro.
Sem falar na neura de contar as tomadas que havia no palco. Sim, tinha que sobrar uma pro celular senão corria o risco de ficar incomunicável outra vez. A bateria durava tipo dois dias no máximo. Igual ao Iphone.
Hoje possuo um celular em que a bateria dura uma semana. Não é pedir muito, né?
Só falta agora inventar um notebook que também fique ligado esse tempo todo. Aí peguei pesado.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Perguntas que eu gostaria de responder

Dá pra tocar uma música mais agitada?


Ah, você é músico? Qual o nome da sua banda?


Quantos violões você tem?


Você também sabe tocar guitarra?


Dá pra tocar uma música mais agitada?


Tem um cara ali na mesa que sabe tocar. Dá pra deixar ele dar uma "canja"?

Ah, você é músico? E o que tu faz pra viver?


Você acorda cedo?


Quanto você ganha por mês?


Dá pra tocar uma música mais agitada?


O que tu faz no teu tempo livre?


Tá bom de cachê?


Dá pra anunciar essa placa aqui?


Ah, então seus pais também tocam?


Você vem de uma família de músicos?


Dá pra tocar uma música mais AGITADA?





quinta-feira, 5 de julho de 2012

Dança da chuva

O violão é o instrumento mais fácil de tocar errado. O teclado é o instrumento mais fácil de tocar em todos os tons. O violino é o instrumento mais fácil de ser um desastre(pra quem ouve). Quem for músico vai saber do que estou falando. Quem não for provavelmente vai perguntar pra um músico.
Ah, o caminho árduo de ser músico... começa com uns 2 ou 3 acordes e você já quer tocar, mostrar ao "mundo" que, justamente esses 2 ou 3 acordes são suficientes. Será?
Antigamente aquelas revistinhas de música eram minha total referência em música. Todo mês era só ir à banca mais próxima. Vinha muita coisa errada. Acordes trocados. Menor no lugar do maior e vice versa. Mesmo achando que algo não soava bem eu confiava minha vida àquelas revistas. Se tava ali era lei. Uma credulidade ingênua baseada na informação impressa. Depois de muitaaaa prática o ouvido começava a perceber o que realmente encaixava. Ou não encaixava. Fitas cassetes tocando horas a fio estourando o falante do 3 em 1. Era a forma mais segura de "tirar"/aprender uma música. Todo esse esforço nunca foi em vão. Os olhos brilhavam ao descobrimento de um novo acorde...
Hoje tudo é bem mais fácil. É só saber a dança da chuva...

domingo, 17 de junho de 2012

Alguém famoso

Uma coisa bastante corriqueira na nossa profissão além de tantas outras é, "encontrar" na plateia alguém parecido com uma pessoa conhecida, famosa ou não e depois rir disso. Simplesmente achar graça pela coincidência. Não que eu subtraísse completamente meu status pra dar uma de olheiro na casa noturna. É uma coisa absolutamente natural. A "pessoa" surge do nada e a comparação é inevitável entre os músicos da banda. Quem vê primeiro avisa aos demais e, no final a gargalhada é geral. Uma gargalhada tímida, contida. Uma piada interna.
Chamo isso de diversão dentro da diversão. Imagina, você tá lá fazendo N coisas ao mesmo tempo e ainda tem tempo pra isso(risos).
Se você se parece com alguém famoso, cuidado!(risos)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Palavras que aquecem

Chimarrão. Pinhão. Polenta. Chocolate quente. Fondue. Cobertor de orelha. Pipoca. Gemada. Chá. Café. Churrasco. Lasanha. Escondidinho. Nordeste. Fogão à lenha. Nhoque. Sopa. Vinho. Abraço. Sorriso... e tudo o mais que a sua imaginação permitir.

domingo, 20 de maio de 2012

Válvula de escape

Qual a sua válvula de escape? Se é que você tem uma... se é que sabe do que estou falando. É praticamente impossível viver sem uma válvula de escape. Sem ela já teríamos explodido, estourado de tanta (má) informação. Verbal/visual/corporal. Trocando em miúdos: engolição de sapos! Acho que fiz um neologismo da palavra porque pesquisei e não existe.
Fazendo uma enquete, tem uma pá de válvulas de escape. Neste exato momento em que digito estou usando uma delas e, acreditem, me faz bem. E ainda teimo em achar que não acho tempo pra isso. Bom, já que acordei inspirado vou aproveitando e colocando as palavras em dia.
Ah, válvulas de escape... já tava esquecendo.
Vou citar algumas e vá lá, adote alguma como sua.
As mais manjadas e/ou as mais antigas: escutar música, escrever, desenhar, pintar.
Já que estamos no século 21 a tecnologia proporciona momentos, digamos, mais agradáveis: ir à academia é praxe. Todo mundo ou, quase todo mundo vai. Fazer boxe é uma alternativa. Aulas de canto e violão é inexorável. Será? Aulas de dança. Cursos no Senac. No meu tempo eu fazia. Acumulei alguns(risos). Tá, rapel. Curso de fotografia. Informática. Aulas de motorista. Caridade. Sim, caridade. Caminhadas. Arvorismo. Pôr-do-sol. Praia. Gibi. Cinema. Missa. Andar de moto. Conversar com os mais velhos, conversar com os mais novos. Escutar. Ler. Sonhar. Estudar. Tocar guitarra, violino, piano. Ler blogs alheios. Comentar. Curtir/não curtir. Fofocar. Conversa fiada. Descompromisso. Compromisso. Mexer no celular. Tocar gaita de boca. Ouvir blues. Bach, Chopin. Cozinhar. Tomar um vinho. Tomar uma cerveja. Fazer um churrasco. Visitar os pais. Viajar. Colecionar selos(essa é antiga). Álbum de figurinhas. Ir ao estádio ver um jogo. Assistir à um show. Baile gaudério. Andar a cavalo. Contar piada. Decifrar palavras cruzadas...
Tudo fica guardado e tudo se vai. Válvulas são boas. Com filtro melhor ainda. Fica o que tem que ficar. Vai o que não presta.

sábado, 19 de maio de 2012

Comentário

Uma pessoa incomum fez um comentário do tipo 'não sei pra quê tantos violões?' Confesso que não curti o teor disso mas, entendi que não foi por mal. Essa é uma pergunta que pode ter várias respostas, sendo a primeira delas: ora, ainda estou buscando uma sonoridade perfeita. Gosto de colecionar instrumentos. É só pra fazer balaca!
Existe uma coisa chamada crescimento profissional. É aquele lance de chegar aos 40 sem a cabeça dos 20. Agora, se chegar com a mesma cabeça algo está errado.
É uma subida natural. Degraus pra cima, alguns pra baixo mas, sempre mirando o céu.
Estou mesmo buscando, cada dia mais, o som que me agrada. Seja no instrumento, no rádio do carro, no mundo virtual/real... não coleciono instrumento, eu toco. Toco, troco as cordas, faço manutenção, limpo, lustro. Balaca?! Nem pensar! No fundo sou um tímido querendo que a atenção fique nas mesas dos bares enquanto toco.
Por que se casa tantas vezes? Pra que tantos relacionamentos? Talvez a mesma coisa: Fluidez perfeita? Coleção/troféu? Ou fazer balaca?
Pra que comprar tantos carros durante a vida? Sim, você começa com um Fusquinha e depois compra um Monza, depois uma Camionete... é assim mesmo. Semente, flor, fruto, semente.
Exibição ou não? E quem saberá...

terça-feira, 20 de março de 2012

Histórias da estrada

Lá pelos idos de 1995, a banda/trio que eu tocava ia fazer uma apresentação noutra cidade, distante dali. Feito as negociações, o que nos deixava sem lucro algum, iniciamos com algumas sessões de ensaios, no pátio da casa do baixista. Resultado: todo mundo parava pra ver! Era no pátio mas estava aberto e o público tinha acesso visual(risos). Devíamos ter cobrado ingresso.
Após uma semana nesse lero-lero arrumamos o equipamento e tomamos um ônibus, com outros passageiros, não era um só pra nós(risos). Como a cidade era relativamente longe, saímos ainda de madrugada de Uruguaiana. Chegamos lá por volta das 3 da tarde, não lembro bem. No que descarregamos o equipa ao chegar no bar, local do show, decidimos ficar por ali mesmo e dormimos no palco, exaustos. Foi a primeira vez que dormi num palco.
Acordamos no entardecer e resolvemos fuçar a cidade, dar uma banda. A passagem de som seria na volta. Andando pelas ruas, nosso baixista se deu conta de que precisava cortar o cabelo. Descobriu uma galeria e constatou que naquele lugar deveria ter um cabeleireiro(risos). Positivo! Adentrou o recinto sem perguntar o preço e foi logo sentando à cadeira de corte. Olha, não me recordo bem dos valores da época mas dá pra imaginar: se íamos ganhar 25 o corte era 20(risos). Ficamos a viagem inteira no pé do cara... e o show, à noite, foi sensacional. O dono do bar disse para não tocarmos tal música, tocamos e o pessoal foi ao delírio.
Histórias da estrada...

terça-feira, 6 de março de 2012

Trio elétrico

Bem próximo do natal, no ano passado, realizei um sonho de adolescente: tocar num trio elétrico! Por muitos anos imaginei a cena. Foi um pouco diferente do que imaginei mas, deu pro gasto. Sonho realizado. Tocar na chegada do papai Noel também é bacana levando em conta o meu trabalho de musicalização com as crianças.
Fui convidado pelo meu querido amigo, Janu Uberti, pra tocar num caminhão, que era o próprio trio elétrico. O caminhão estava parado junto a um bairro, na periferia da cidade, e eu escalado pra animar o público antes da chegada do bom velhinho. Foi muito bacana ver a galera cantando junto músicas bem conhecidas, num repertório que ia de Tim Maia à Seu Jorge.
Quem sabe numa próxima oportunidade eu possa tocar num trio de carnaval...

segunda-feira, 5 de março de 2012

O garoto de Liverpool

Ontem, assistindo ao filme O garoto de Liverpool, me deparei com uma cena clássica na minha vida musical: o jovem Lennon quando "ganha" seu primeiro violão, o coloca em exposição em cima de uma poltrona e fica algum tempo olhando pra ele, em silêncio. Secretamente, essa cena se repetiu diversas vezes em meu aprendizado adquirido. Se tornando até um ritual, discreto e silencioso, de admiração completa ao instrumento conquistado. Lembrei do meu primeiro violão, de como o consegui com muito esforço e, a contemplação ao vê-lo em minha frente esperando ser tocado. Não sei se meus colegas músicos agem assim ao comprarem um instrumento novo mas, comigo isso é praxe.
Um instrumento novo renova a energia para o que vem pela frente!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Caminhoneiro

No final dos anos 80, costumava viajar de caminhão com meu tio pra Porto Alegre, passar as férias de verão na casa dos meus outros tios. Eu, então, com quase 15 anos, desafiava as leis da física tentando produzir som do violão na boleia do caminhão. O motor acabava por abafar qualquer som que eu tentasse emitir, restando apenas uma sensação sonora. Lembro que "puxava" sempre a música Caminhoneiro do Roberto e Erasmo, em homenagem ao motorista tão esmerado que era meu tio.
Ele me deixava em POA e seguia viagem. Voltaria pra me buscar mais ou menos um mês depois.
Já regressando à terra natal, no meio da madrugada, bateu uma fome daquelas, e meu tio, praticamente sem grana, parou no acostamento, próximo a uma plantação de melancia e me pediu que ficasse no caminhão. Menos de 10 minutos depois, voltou com uma enorme melancia. Paramos em um posto não muito distante dali e a dividimos. Seguimos viagem de estômago cheio e felizes.