sábado, 21 de fevereiro de 2009

Tijolinho!

Uma noite fui de carro até a rodoviária de Uruguaiana comprar uma revista(não lembro que revista era), já sabendo que lá tinha uma livraria que também vendia revistas. Chegando no estacionamento da rodoviária, um mendigo pediu para cuidar o carro. Permiti e segui em direção ao interior do terminal. Na livraria minha busca deu lugar à frustração. Nem rastro da tal revista. Recordo-me agora que possuía uma nota de R$ 10,00 reais e não podia dar todo esse valor pro mendigo(sabe-se lá, ele podia encher a cara). Quando coloquei a chave na fechadura ele apareceu. Expliquei meu insucesso ao não ter comprado nada. Notando sua decepção tirei do bolso alguns "tijolinhos" que carregava e alcancei pra ele, que proferiu: "bah, tijolinho! Faz uns 10 anos que eu não como isso"! E saiu todo contente, me deixando mais surpreso ainda.

Nota: Tijolinho ou Mariola

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Comunidade no Orkut

Amigos, além do blog tem a minha comunidade no orkut pra quem quiser conferir ou participar. Agenda de shows atualizada, comunidades relacionadas e alguns tópicos. É só buscar: Marcelo Massário - Com. oficial. Abraços e mais uma vez, obrigado por participarem!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Uma noite dessas

Ela se interessava mais pelo problema dos outros
Ele ganhava muito e achava que ganhava pouco
Ela observava as pessoas de um jeito diferente
Ele não tava nem aí
Queria sair pra se divertir.

Uma noite se encontraram
E concordaram que a lua lá no alto lhes sorriu
E logo perceberam que não estavam sozinhos
Bastava isso pra tentar ser feliz.

Ele se interessava mais pelo problema dos outros
Ela ganhava muito e achava que ganhava pouco
Ele observava as pessoas de um jeito diferente
Ela não tava nem aí
Queria sair pra se divertir
Uma noite dessas...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Passagem de som

Um amigo músico mais velho(e rabugento) detestava "passar som": aquele momento em que os músicos de uma banda tem de acertar os detalhes como altura, intensidade e frequência do som. Ajustar instrumento por instrumento, regular os microfones para que não fique sobrando nenhuma frequência e tal. Pra ele era um parto, porque nada do que ele escutava à tarde, geralmente o horário das passagens de som, conseguia escutar à noite, no momento do show. Usava uma frase que vale a pena comentar: "eu detesto passar som! Se o som é ruim não adianta, se o som é bom não precisa." Ótima essa, né?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Profissões

Nem sempre fui músico. Paralelo a isso fazia alguns "bicos". Profissão pra mim era ser músico! Uma coisa que tinha em mente era que um dia ia me sustentar com a música. Após aquele primeiro "contato" com o violão tive meu primeiro emprego.

Meu primeiro "emprego" foi de entregador de leite. Meus pais compravam leite de vaca e dois caras em uma carroça iam entregar em casa. Acontece que fiz amizade com esses caras e passei a fazer parte da "equipe". Acordava pela manhã bem cedinho pra espera-los, subia na carroça e íamos do bairro ao centro, onde seria o final da linha. Por incrível que pareça ainda lembro de seus nomes, mas prefiro não cita-los. Chegando no final, perto do meio-dia, ganhávamos um trocado pra gastar no que quisessemos: eu e o outro "guri". Falei que eram dois, o mais velho que era o dono do negócio e o guri que o ajudava a entregar o leite. Bom, eu gastava sempre em doce, ou pipoca. Nunca fui de poupar, não pensava no amanhã, vivia o meu hoje. Parece que não mudei muito, não.

Meu segundo emprego foi vendedor de picolés. Carregava um isopor com uma alça pra que pudesse levar embaixo do braço. Gritava bem alto: olha o picoléééé chamando a atenção dos vizinhos. O pagamento não era diferente do outro emprego: ganhava ao final do expediente 2 picolés ou 1 sorvete. Notoriamente eu não tinha vocação pra empresário(risos).

Meus tios tinham uma tele-pizza que não tinha telefone!(só essa frase já diz tudo, né?, ou com essa frase dá pra supor que vem piada pela frente). Meu tio mandou recado pelo meu pai que queria falar comigo no dia seguinte. Sabendo que ele tinha uma moto que não usava fiquei excitado, imaginando que ele estava precisando de um entregador e me quisesse para o cargo. Chegando lá não era nada disso: bom, a tele-pizza tinha telefone, sim, mas à 2 quarteirões dali e não era um orelhão, o telefone ficava na casa dos pais do meu tio . Eu devia permanecer "perto" do telefone onde ficaria minha tia, que receberia o pedido, logo agarraria uma "bike"(que consegui emprestado com um primo que não ia usar mesmo) e levaria o pedido da pizza até onde estava a base, ou seja, a pizzaria. Parece pegadinha mas não era. Contando ninguém acredita. Fazia umas 30 viagens por noite e quando acabava estava cansado e com fome. Aí entrava o pagamento(que tava mais pra permuta): meia pizza por noite! Enjoei de tanto comer pizza. Ah, vale a pena acrescentar: a bicicleta era uma Monark vermelha com freio no pedal.

Meu próximo emprego seria de empacotador de supermercado. Naquele tempo não existiam essas sacolas de plástico que tem hoje. Eram sacos de papelão. O trabalho era ótimo, ficava puxando papo com as caixas o tempo todo e inclusive tinha uma menina que guardava os "cacetinhos" pra mim antes que acabassem. Além do salário fixo(que eu achava razoavelmente bom) tinham as "gorjetas" dos argentinos, que me davam liberdade de abastecer nossa despensa todos os dias, pra orgulho de meus pais. Todo dia levava pão, manteiga, café, salame, presunto, queijo, etc. Mas o que é bom dura pouco. E durou só dois meses. Um dia um dos chefes passou com compras no caixa em que estava e demorei pra guardar suas coisas na sacola. No outro dia recebi aviso. Mas foi uma boa experiência!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Depois do contato

Tinha quase 9 anos quando percebi que podia desenhar qualquer coisa(até por ali). Colecionava "gibis" de Wall Disney e super-heróis. Sendo esse último meu preferido para desenhar. Comecei a copiar tudo o que via dentro daquele universo, criando minhas próprias histórias em quadrinhos: queria ser desenhista! Também conheci um renomado desenhista que tinha trabalhos fantásticos, incluindo uma revista de tiragem astronômica(pra minha idade).
Uma vez estava na Califórnia da Canção Nativa(festival), que acontecia na Pastoril(um parque campestre, afastado da zona urbana) e não lembro bem, parece que tinha uma exposição com desenhos de alunos do 1º grau. Fiz um retrato do cantor nativista Telmo de Lima Freitas, que estava concorrendo no festival. Meu desenho foi parar naquela exposição e o próprio Telmo quis conhecer o "autor" do retrato. Toda essa "aventura artística" proporcionou-me conhece-lo de perto, frequentar sua casa e conviver com seu filho, que tinha quase a minha idade. Mais tarde Telmo viria a se tornar secretário de cultura do município e moraria na mesma casa que morei.

Naquele mesmo período pensei em fazer uma revista em quadrinhos, e convidei um amigo que também fazia uns rabiscos. Criei um personagem que seria o principal: um herói chamado "Capitão Brasil", nacionalista e defensor dos fracos e oprimidos. Fiquei com a primeira história e meu amigo com a segunda(na verdade eram só duas mesmo) intitulada "uma barata chamada Kafka", inspirada na música da banda Inimigos do Rei. Dias depois chegando no colégio(meu amigo e eu éramos da mesma turma) resolvemos mostra-la para os colegas. Qual foi a nossa surpresa quando todo mundo queria uma revista: tiramos umas 100 cópias e vendemos pra toda escola. Ainda ganhamos uma graninha extra por vende-las, que serviu também pra pagar o xerox.

Paralelamente ao desenho, também era fanático por Fórmula 1. Sabia tudo o que acontecia nos boxes, as equipes, carros, motores, etc. Tinha álbuns de figurinhas, recortes de jornais, um monte de informação a respeito. Meu ídolo naquela época era o Nelson Piquet, só mais tarde mudei pro Ayrton Senna. Acompanhei também o surgimento do Senna, com aquele carrinho preto da Lotus com a logo John Player Special. Lógico que queria ser piloto de Fórmula 1! Esse sonho durou um tempo até meu reencontro com a música.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Contato

Minha lembrança mais remota do primeiro contato que tive com um violão se deu aos 7 anos, mais ou menos. Estava na casa de minhas tias(falo tias porque naquele lugar predominavam as mulheres) onde existia um guarda-roupa antigo que me causava muita curiosidade. Ele era de madeira, madeira mais nobre e daqueles bem altos. O mais intrigante é que tinha só uma porta, mas de fácil abertura.
Um dia corajosamente decidi abri-lo para ver o que tanto me desconfiava e fascinava. Lembro que tomei um certo cuidado pra que ninguém me visse. Logo que consegui faze-lo interrompi o que poderia se tornar uma grande aventura, me deparando com um violão bem antigo(claro), um Giannini. Acho que em seguida agarrei o violão e saí pra perguntar à primeira pessoa que encontrasse, de "quem era" aquele instrumento. Minha memória não funciona bem e não consigo lembrar com exatidão quem fechou minha curiosidade mas a resposta eu lembrava perfeitamente: era de meu bisavô. Aquele violão devia ter uns 100 anos ou mais, não sei. Só lembro que fiquei tentando extrair algum som sentado ao sofá. Não conseguindo progresso desisti facilmente, deixando pruma outra oportunidade. Viria a me encontrar com a música muitos anos na frente, numa história que contarei mais tarde.




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Iniciação!

Tinha 17 anos e trabalhava no escritório de um despachante aduaneiro. Numa manhã dessas(naquela época eu acordava de manhã) aparece um amigo pedindo pra falar comigo. Quando surgi ele já foi perguntando quantas músicas tinham no meu repertório. Hesitei em precisar quantas porque não tinha certeza, afinal nunca havia contado. Mas chutei umas 60 músicas por aí. Dito isso ele respondeu aliviado: "dá"! Eu de cara perguntei: dá o que?(faca!). É o seguinte: "arrumei um barzinho pra gente, sexta e sábado". Fiquei num misto de felicidade e pavor, pois nunca tinha tocado profissionalmente. Tava aí a minha primeira incursão no circuito de bares em Uruguaiana. Após isso muita coisa aconteceu, que contarei a seguir.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Crise!

Uma vez conversando com um amigo, que era músico bem mais velho do que eu, perguntei como estava a agenda de shows. Ele respondeu "na lata" que as coisas estavam feias, sem perspectiva de nada. Ao final da resposta completou com uma frase que nunca vou esquecer: "não tenho dinheiro nem prum cafezinho!" Sei como é isso e volta e meia lembro dessa frase sempre que me "aperto". Mas essa frase nos faz refletir, principalmente em tempos de crise, de que temos de maneirar de algum jeito. Nesse mundo materialista em que usamos coisas que há 30 anos não usávamos e também não precisávamos ou que nossos pais não usavam e hoje nós usamos, porque a tecnologia está a nosso favor, ou a favor do nosso bolso, é claro. O fato é que nos tornamos reféns dessa tecnologia. Não estou malhando isso, acho algumas coisas perfeitamente saudáveis, mas às vezes abusamos dessa tecnologia desenfreadamente e é exatamente aí que se encontra o dispensável. Para se ter tudo precisamos manter um padrão(de vida) e está cada vez mais difícil acompanha-lo. As coisas estão sempre se tornando e mudando, surgindo pra facilitar as nossas vidas. Às vezes gastamos mais do que ganhamos e quando percebemos já é tarde demais. Tudo isso pra poder manter aquele padrão que pensamos que temos, mas na verdade é o que queremos ter.
É, a gente se aperta sim, não dá pra negar. Mas poupar é bom, né? Nos dá reservas pro futuro, nos tranquiliza e estabiliza, enfim, nos proporciona encostar a cabeça no travesseiro sem culpas.
Com o passar do tempo reformulei a frase daquele meu amigo: não tenho dinheiro nem prum xerox!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Chegada

Quero tuas mãos escondidas
Só o teu abraço eu posso aceitar
Porque não gosto de despedidas
Mas o teu coração eu vou levar.

Hoje eu estou de partida
Mas não é pra sempre, não
Fui logo ali buscar uma saída
Pra escapar da minha solidão.

Mas quero que você entenda bem
Que isso não quer dizer nada
É somente só partida
Pra virar chegada.

Rock!

Conheci o rock quando tinha onze pra doze anos(o que eu pensava ser rock naquela idade). Briquei um disco(vinil) do RPM com um amigo(não me perguntem o que foi que briquei porque não lembro mesmo, mas posso garantir que não foi a minha mãe). A capa tava meio recortada mas o disco não tava arranhado, o que era bom sinal. Tínhamos em casa um 3 em 1 da marca National, que mais tarde viria a se tornar Panasonic. Lembro de ouvir esse disco repetidas vezes no máximo volume que o aparelho aguentava, ou que os vizinhos aguentavam. O disco era o "rádio pirata ao vivo", aquele da capa preta com a caveira. Quem passou pelos anos 80 lembra perfeitamente. Ficava "imitando" o Paulo Ricardo sem parar todas as tardes pois ficava sozinho e com a casa livre pra aprontar. Vezenquando minha mãe voltava mais cedo do trabalho ou meu pai, daí cortavam meu barato. Isso tudo aconteceu por volta de 1987. Alguns anos mais tarde, fui à Porto Alegre na casa dos meus tios passar as férias de verão. Fiquei tipo um mês lá. Meus tios dormiam cedo e eu "zapeava" na TV. Numa dessas "buscas" descobri o Jô onze e meia, que na época passava no SBT. Começou a entrevistar um cara bem falante, que gesticulava muito, me chamando a atenção. Seu papo era inteligente e fiquei fascinado também pelas músicas. Seu nome era Renato Russo e a banda Legião Urbana. Não preciso dizer que meu tio me levou no dia seguinte às lojas Americanas onde comprei aquele que seria meu primeiro disco da Legião: As quatro estações! A partir de então decidi colecionar esses discos procurando saber mais sobre a banda. Fui comprar o primeiro disco da Legião muito tempo depois pois estreei pelo quarto. Lembro também de ouvir perifericamente os Beatles e aquela sonoridade, aquele ié-ié-ié me causavam uma sensação de euforia total. Tava aí o primeiro sinal de que existia alguma coisa a mais no mundo musical, numa batida mais primária mas ao mesmo tempo cativante e com som distorcido mas contagiante. Essa era minha impressão naquele período.