domingo, 23 de setembro de 2012

Detetive

O músico de bar é muito observador. Nada escapa a sua vista. Expressões faciais, corporais podem ser pistas do que vem a seguir. Que música tocar? O que vem agora? Talvez uma das perguntas que mais me fazem é "qual é a primeira música do show?" Depende. Às vezes não tem isso. Num bar a coisa é mais espontânea. Eu olho pro público e decido na hora. Sacar a temperatura vai determinar o ritmo. Começar com uma música lenta. Uma batida mais forte. Música jovem. Música antiga. Música antiga regravada...
Uma cena frequente é chegar à tarde pra passar o som e encontrar resquícios da noite anterior: guardanapos com pedidos musicais. Dão uma ótima pista. Inclusive leva ao caminho da auto-atualização. Não poderia ser melhor. Afinal, a voz do povo é a voz do povo, não, de Deus. Nah, será que é mesmo? Tenho minhas dúvidas.

Você pode ser um bom detetive ou um ótimo detetive. Ou ser péssimo. E não existe escola pra isso. O tempo é que vai fazer todo o trabalho. Te dar o ingrediente principal. Sacar as coisas. Eu posso tocar horas seguidas e saber tudo o que está acontecendo ao redor. Dá pra ouvir até o papo dependendo da distância. Saber quem está gostando, quem não está.

E você, já brincou de detetive?

Nenhum comentário: