sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Depois das duas

Noite passada perdi o sono e resolvi levantar. Sem internet ou outra forma de distração, decidi trocar uma das cordas da guitarra, que tinha quebrado, num dos shows semana passada. Trocada a corda, folheei um antigo caderno de anotações em que registrava palavras ou frases que me vinha à cabeça, sem hora pra chegar. Encontrei uma letra inacabada e, comecei a "brincar" com ela, fazendo de conta que eu a estava musicando. O que inicialmente era uma brincadeira acabou se tornando uma coisa seríssima(risos)! Ter acordado aquele momento e "encontrar" uma canção foi mágico! Valeu a pena!


Depois das duas


Nessas horas tão curtas
Nesse tempo tão longo
Sair ver o sol,
Ouvir o estrondo
Do teu coração.


A vida não é justa
Mas a vida é boa
A grana anda curta
E ainda assim somos boas pessoas.


Vamos dormir o dia inteiro
E acordar com a lua
Sair na noite gastando dinheiro
Logo depois das duas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ray

Assistindo ao filme "Ray" pela enésima vez, que conta "quase" toda a história do grande Ray Charles, vi uma cena que inspirou-me a escrever este post. 
Um dos músicos chegou atrasado ao ensaio e foi "multado" em $50,00. Foi o bastante para me lembrar que isso é comum no meio musical. É batata!
Suposição: o ensaio é marcado para às 20 horas. Todo mundo chega entre 20 e trinta e 21 horas. Se acontece até com músicos profissionais, imagina amadores!
Há alguns anos, quando ensaiávamos um projeto chamado "Bossa eternamente nova", fazíamos os ensaios sempre na parte da manhã, o que era um parto pra quem tocava à noite, que era o meu caso e, de outros integrantes da banda. O ensaio era marcado pra começar as 8 em ponto mas todos "deveriam" chegar às 7 e meia, pra tomar um chimarrão e discutir detalhes do show. Ninguém chegava às 8 quanto mais às 7 e meia(risos). Foi quando o diretor musical do espetáculo teve uma brilhante ideia: quem chegasse atrasado a partir daquele instante levaria "vaia"! Isso mesmo, levava vaia(risos). Olha, confesso a vocês que não é uma coisa boa de sentir. No dia seguinte não cheguei atrasado mas, na semana posterior levei vaia!
Lógico que o universo dos americanos é diferente do nosso e, a história de Ray Charles se passou em outra época.
Escolhi o nome do post em homenagem a ele. Filme belíssimo que sempre me faz chorar.


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Inspiração não tem hora

Antes de ir à cozinha preparar um sanduíche, observei o "nick" de uma amiga no msn, que mostrava a palavra "saudade"! Foi o que bastou para escrever essa letra que veio quase inteira, como se fosse psicografada. Entre a cozinha e o lap top, ficou uma distância, atrasando o preparo do sanduíche. Valeu a pena:



Você não vai escapar da saudade
De sentir amor e felicidade
Nem vai deixar de amar
E nem parar de sonhar.

Não vai escapar de morrer
Tantas vezes pela vida
E morrer de verdade no fim.
Não vai deixar de cair,
Nem de sorrir,
De regar o jardim.

Você não vai escapar
De nada disso
Você não vai escapar
De tantos compromissos.

Você não vai escapar
Da palavra sim
Da palavra não
Dos dias bons e ruins.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O próximo passo

Depois da curva o amor
Na reta a dor
No passado a culpa
No telefone a desculpa

Depois da chuva o calor
Na pressa o ventilador
No presente a circunstancia
Na carta a distancia

Depois de tudo o vazio
Na estrada o desvio
O destino previu
O próximo passo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Nada

Não tenho nada pra dizer
Nada pra fazer
Nada pra escolher
Nada


Não tenho nada pra pensar
Nada pra achar
Nada pra chamar
Nada


Nada comigo
Nada você
Nada pra esconder.


Nada para por em cima
Nada pra acabar a rima
Nada pra botar pra fora
Nada para ir embora
Nada


Nada pra deixar aqui
Nada pra morrer de rir
Nada pra viver sem ti


Nada pra valer a pena
Nada para ver na cena
Nada pra sentir
Nada.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Estejam onde estiverem
Sejam quem puderem
Amem o quanto quiserem
Comam quanto bastarem
Lutem quanto restarem
Percam quanto cessarem
Voltem quanto ficarem
Aceitem quanto te darem
Salve-se quem puder.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Meus 2 empregos

No início dos anos 80, lembro muito bem, meu pai tinha 2 empregos: um na parte do dia e outro à noite, como taxista. Minha mãe, mais tarde começaria à lecionar pelo estado e ajudaria na renda familiar. Mas éramos três, meu pai, minha mãe e eu. Imagina uma familia com filhos numerosos?
Os anos 80 ficaram para trás e um tempo depois formulei uma tese sobre o assunto. Nessa época as pessoas tinham seus empregos, quando tinham, e faziam também um "bico", pra complementar a renda. Passou mais algum tempo e hoje "bico" é considerado emprego, profissão. Porque todo mundo "entende" um pouco de tudo(risos). Acredito que esse mundo louco e competitivo tenha nos levado a tal caminho.
Meu tio é camioneiro mas sabe pintar uma casa. Minha tia é professora mas toca violino. Meu vizinho é bancário e nas horas vagas é eletricista. Meu primo é empresário mas também conserta carros. E por aí vai!
Mas onde quero realmente chegar com este post é que também tenho 2 empregos: sou músico e pai. Antes era só músico. Agora mais do que nunca sou pai. E quero continuar sendo até o fim dos meus dias, porque meus filhos precisam de mim, cada vez mais!
Tive o privilégio de receber esse dom que é a música e ainda poder fazer dela minha profissão.
Tive a dignidade de ser pai e agraciado com dois filhos maravilhosos e cheios de saúde!
Meus 2 empregos: músico e pai!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Já estive no céu e no inferno
Provei o doce e o amargo
Ouvi sim e não
Parti meu coração
Já me perdi e me achei,
Desisti e lutei
Fui fogo e frio
Alcancei e fui alcançado
Já foi curto o pavio
Já abandonei e fui abandonado
Molhei e fui molhado
Cortei e fui ferido
Calei e falei
Ouvi e não escutei
Errei e aprendi
Todas as horas que eu vivi
Já morri e sobrevivi
Já fiquei sem saber
Já soube o que fazer
E não fiz
Ganhei e perdi
Perdi e achei
Outro caminho pra percorrer
Já beijei o chão
Toquei o ar
Quis levitar
Viajar
Amei demais
Sofri também
Chorei atrás
Não volto além.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Eles

Curto muito fazer suposições de encontros. Uso a terceira pessoa do singular como base e sigo em frente. Uso a imaginação. To na rua com meu carro à noite e me vem uma história inteira, e sinto uma necessidade incrível de "criar" um universo fictício, mas que muita gente poderá vir a se identificar!


Eles se conheceram numa sinaleira 4 tempos. Seus carros pararam um do lado do outro. Foi a primeira vez em que ele não reclamou da demora do semáforo. Seus olhares bateram e pronto!
Ela ia visitar a casa dos avós. Ele estava atrasado pra uma reunião de condomínio. Pararam no primeiro bar que avistaram. A reunião de condomínio ficara pra outro dia.
Ele era meio avoado. Ela tinha doutorado em farmácia.
Ele colecionava latinhas de cerveja. Tinha de todos os países.
Ela colecionava problemas.
Ela nunca lembrava de datas comemorativas.
Ele nunca esquecia de levar o lixo pra fora.
Ele tinha uma cadela de estimação chamada Hanna.
Ela odiava bichos. Uma vez teve um Hamster e o deixou morrer de saudade.
Ela praticava quase em excesso sua auto-afirmação.
Ele fugia dos elogios. Dizia que fazia mal pro ego, dele!
Ele era muito concentrado em tudo o que fazia.
Ela era completamente dispersiva.
Ela só usava roupas de marcas.
Ele estava sempre de xadrez.
Ele gostava de vento no rosto.
Ela não podia pegar vento por causa do cabelo.
Ele teve uma infância difícil.
Ela teve tudo nas mãos.
Ela A, ele B.
Mas tinham o mesmo tipo sanguíneo.
Ele fazia caratê.
Ela era totalmente sedentária.
Ela tinha um gosto musical invejável. 
Ele curtia música eletrônica.
Ele sempre tinha respostas para todos os tipos de perguntas.
Ela não sabia a marca do seu carro.
Ela não entrava em elevadores nem a pau.
Ele tinha que ir de escada por sua causa.
Mas eram felizes. Se faziam bem. Se somavam. Nada era fácil mas tudo estava sempre bem.
Nada mais importa do que a felicidade e, no fim descobrimos que ela esteve o tempo todo aqui, dentro de nós!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A procura

Estou sempre olhando para todos os lados. Estou sempre à procura de não sei o que! Será que é a procura da batida perfeita(risos)?
Procuro companhia pra minha solidão. Uma multidão dentro da multidão. Um olhar estranho porém diferente. Uma presença ausente.
Todos os dias, todas as noites, entre milhares de pessoas, não acho o que procuro. Procuro um cheiro desigual, um Phd neutro, um olhar que brilhe mais, uma voz que nunca escutei, um lábio que nunca beijei, um sorriso que nunca vi, uma risada que contagie. Mas não sei se é isso. Não sei se é só isso. Não sei o que procuro. Mas continuo procurando. Olho, olhos e não vejo. Canto, cantos e não encontro. 
Procuro dentro das canções. Nas palavras. Na rima. Na métrica. No som. Na vibração.
Procuro um sentido pra procurar. Um rosto a me acenar. Algo que me cesse essa busca incansável e inquietante. Que justifique essa marcha que parece não ter fim.
Procuro em todas as direções: norte, sul, leste, oeste.
Sei que ainda tenho muitos lugares pra conhecer. Muita coisa pra fazer. Talvez eu descubra. Ou continue a me queixar. Preciso descobrir. Descobrir o que procuro. Encontrar!
Espero que seja luminosa. Que tenha desafio. Que tenha viagem. Que tenha cicatriz. Que tenha alma, coração, corpo, tudo junto. Que levite. Que tenha saudade. Que seja feliz. Que tenha vida! Isso! O que eu procuro deve ter vida! Pra que eu possa conviver! Deve ter defeitos, pra que eu possa acostumar. Deve ter segredos, pra que eu possa adivinhar. Deve ter receios, pra que eu possa encorajar. Deve ter complexos, pra que eu possa melhorar. Angústias, desejos, virtudes, pecados, vícios, planos, alegrias...
E quando eu encontrar, meu coração irá acelerar, e o meu olhar, finalmente, vai reconhecer!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Primeiro dia do ano: dia de bom humor!

Minha entrada de ano foi com o pé direito e muito bom humor! Toquei o reveillon e logo na sexta à noite, dia 01, já tinha outro show pela frente, em Sobradinho, junto com meu amigo Alemão Ronaldo. 
Busquei-o na rodoviária às 13:30 h, pois ele vinha de São Sepé onde tinha tocado com os Acústicos e Valvulados. No caminho da rodoviária até minha casa, paramos pra almoçar no primeiro restaurante que Alemão enxergou aberto(risos). Após o rango, uma passadinha em casa pra Alemão recarregar as baterias e aproveitar uma "sestia". 
Depois de tudo isso, no caminho pra Sobradinho, onde tínhamos no banco traseiro a companhia indispensável de Anelise Schmitz, nossa baterista, Alemão resolveu nos contar uma história. Ele e o Potter, do Pretinho Básico, saíram noite dessas e o Potter falou ao Alemão que iriam botar o cadeado no bar, ou seja, seriam os últimos a sair. Nessa noite, Potter conta a história de outra noite em que ele quis fazer o mesmo: botar o cadeado! Só percebeu que era hora de ir embora quando o garçom veio do fundo do bar montado numa motocicleta e, passando por entre as mesas, acelerando a moto(risos). Essa história nos rendeu muitas risadas e uma descontração sem igual.
À propósito, o show em Sobradinho foi sensacional!
Um agradecimento especial ao João Batista, que nos acolheu com um bom churrasco e tietagem durante o show, além de ter emprestado seu violão. Abraços!