terça-feira, 21 de outubro de 2014

Fumante + ouvinte + passivo= EMC²

Por longos duros anos fui fumante passivo. Frequentei os lugares mais esfumaçados alusivo ao meu trabalho. Não havia como fugir ou tentar driblar essa condição. Irrefutável.
Enfrentei incontáveis invernos com a respiração comprometida. No verão, ainda era possível disfarçar mas no clima frio, respirar a fumaça de cigarro trazia à reboque uma enxurrada de doenças respiratórias com todo aquele menu pertinente dos ites. E vocês precisavam ver minhas roupas como ficavam, ou melhor, senti-las.

Por longos duros anos fui ouvinte passivo. Nunca tive muita sorte para vizinhos de bom gosto musical. Nossas predileções nunca batiam. Triste sina.

Uma vez me mudei para um local que parecia ser tranquilo. E era. Tive um vizinho que ouvia músicas das décadas de 20 e de 30. Na época eu cheguei a cogitar que se tratava de um senhor. Qual foi minha surpresa ao saber que quem escutava aquelas músicas era um rapaz de 18 anos?! Pois é, ele tinha um gosto corriqueiramente estranho pra sua idade.
Mais tarde surgiram duas vizinhas que, com seus saltos, não me deixavam dormir de maneira alguma.

Ao longo desses 21 anos de música continuo sendo ouvinte passivo, cada vez mais, porque não há onde se esconder. A poluição sonora só aumenta. Para cima e avante. Está cada vez mais difícil ter um pouco de paz. 

Ser músico, às vezes, ou quase sempre, te obriga a digerir coisas que não faz o menor sentido. Pelo menos pra mim. 

Acho que preciso morar no campo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Influências

Não, não vou escrever sobre minhas influências musicais. Poderia mas, hoje não.
Vocês já prestaram atenção que, tudo o que somos foi influenciado por alguém ou alguma coisa? Pois é, construímos nossa identidade/personalidade através de outras pessoas: família, amigos, livros, discos, anúncios, propagandas, imagens, formadores de opinião, pensadores, etc.
Existem inúmeras fontes por aí, espalhadas por todo lugar. Algumas iluminam, outras iludem. Algumas iludem, outras iluminam.

Mal nascemos e já somos influenciados a ter um time. A criança nem se dá ao luxo de escolher. Os pais já têm tudo planejado: pra qual escola vai, que profissão vai seguir. Somos praticamente "forçados" a percorrer um caminho que talvez nem gostaríamos.
Depois vem as influência dos amigos. Fazemos tudo por eles, inclusive "tentar" gostar das mesmas coisas. Claro que também acontece o efeito inverso, eles acabam por gostar de coisas que gostamos.

Topamos com as coisas ao nosso redor e as filtramos, numa espécie de seleção natural, que mais se adapta com o que poderíamos chamar de "verdadeira" identidade. Somos o que comemos, escutamos, vestimos; somos parecidos com quem nos faz companhia. Somos parecidos com o tipo de música que ouvimos. Cada vez mais parecidos com as máquinas que nos empurram goela abaixo todo esse lixo negativo da mídia. Somos semelhantes com as ideias de um grupo, pertencentes a uma classe fomentada por influências paliativas.

Somos influenciados a ser o que não somos.

Devemos tomar muito cuidado com o tipo de influência que percebemos. Construir pilares sólidos através de triagens positivamente duradouras.

As consequências poderão ser perturbadoras. Só depende de nós.

Vote consciente!