quinta-feira, 5 de maio de 2011

Discussões

Uma discussão que parece não ter fim, e não terá mesmo: músicos formados versus músicos não formados e, músicos que fazem da música exclusivamente sua profissão versus pessoas formadas e atuantes em outras profissões também usando a música como fonte de renda extra! Vai dar o que falar, né? Não esquecendo que o músico não formado pode, evidentemente, trabalhar e depender da música, que é o meu caso. O que acontece, explicando ou tentando explicar a primeira parte, é que a formação não é tudo! Não estou dizendo que ela não é importante. É sim! A formação te dá muita teoria e alguma prática e pode ser que alguém ache ridículo o que estou falando mas, a prática que existe é aquela de estudar, estudar, estudar. E acho que do lado de cá não é muito diferente porque se precisa ensaiar, ensaiar, ensaiar... 
Olha, existem músicos não formados talentosos pra caramba! E já vi músicos formados não serem tão bons! E o inverso existe, claro. Como disse, não é uma regra mas uma explanação. Optamos pela formação pra ter um embasamento musical aprofundado. Trabalhar e melhorar a questão técnica, vocal e instrumental. Histórias da música, seu surgimento. O lado de cá é bem diferente. A estrada te dá bagagem, seja ela positiva ou negativa, dependendo das circunstâncias. E coisas que vão acontecendo só com o passar do tempo. E tudo, claro, é o fato de como você encara tudo isso. Sucesso, fracasso, solidão, multidão, bebidas, viagens, hotéis, distância da família, estrada... às vezes só com um bom condicionamento psicológico pra escapar ileso. 
Tenho amigos músicos formados que são excelentes profissionais, seja pra ensinar ou pra tocar. São competentes e esforçados, criteriosos e bastante perfeccionistas. E aliando esta técnica do conhecimento teórico mais a bagagem musical se torna um músico quase perfeito.
A segunda parte desta discussão é aquelas pessoas que têm o talento natural latente mas, por obrigação da familia ou por outros caminhos resolveram estudar, se formar e seguir outra profissão. De repente aparecem tocando e montando banda. Não os culpo e nem acho errado. Confesso que já perdi noites de sono por esse assunto. Mas não vale a pena. Não vai mudar.
Não sei se foi bem assim mas, vou contar o que me contaram: em 1960, em plena ditadura, existiam tantos artistas e cada vez mais novos iam surgindo que o governo criou um orgão para credenciar e organizar esse crescimento. Assim foi criada a Ordem dos Músicos do Brasil(OMB). Não vou entrar no (des) mérito da questão mas, por um tempo a "coisa" foi organizada. Só podia tocar quem tinha a tal carteirinha da Ordem. Essa Ordem possuia um delegado e uma banca, onde eram feitas as audições e as provas. Existiam duas categorias: prática e de quadro. A categoria prática era pro músico não formado e a de quadro pro músico formado. Essa Ordem cobrava uma anuidade, uma espécie de imposto pelo credenciamento e não dava nada a mais além de, uma vez paga a anuidade, fazer o que bem entendesse. Estar apto e, perante a lei, autorizado a tocar por aí.
O que aconteceu a seguir é que essa Ordem não dava nada em troca além da permissão de tocar. Aposentadoria, plano de saúde, dentista, seguro, nada. Muitos "artistas" foram deixando de pagar pelo surgimento de novos talentos que não possuiam essa credencial e estavam num bar tocando enquanto muitos, que pagavam e estavam em dia, ficavam em casa. Já disse, não os culpo. Conheço muita gente que pagaria pra tocar!
Continua...

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