segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Escrito nas estrelas

Acho que nunca contei da fase que me coube acompanhar um transformista. Foi meio por acaso. Já o conhecia da noite por fazer pequenas intervenções nos bares noturnos. Sempre despojado e loucamente irreverente. Na metade dos shows ele pegava o microfone e fazia grandes imitações, animando a todos que estavam na plateia e, consequentemente, no palco. Era gargalhada geral! O cara realmente se "prestava".
As imitações mais frequentes eram da Tetê Espíndola, com a saudosa música Escrito nas estrelas, e transitava ainda por Maria Betânia e Adriana Calcanhotto.
Bom, mas falando da época em que tocamos juntos: um dia apareceu lá em casa pedindo que o acompanhasse. O que me causou um certo espanto! Ora, vamos lá, tudo é experiência, repeti pra mim mesmo.
O Monéti, esse era o apelido dele, costumava tocar em casamentos, despedidas de solteiros e eventos para professores, em que predominavam as mulheres, claro. Era tudo muito engraçado. Eu ria mais do que tocava.
Alternava entre uma peruca loira e uma morena. Se puxava na voz aguda pra fazer a Tetê Espíndola. Simplesmente era igual.
Nosso meio de transporte era um Corcel I laranja, todo baleado, que Monéti chamava carinhosamente de Sukita(risos). O carro vivia tossindo e Monéti dizia: vamos Sukita, não me deixe na mão(risos)!
Foi um período muito divertido e que me traz boas lembranças.
Há um tempo ele veio animar uma loja aqui em Santa Maria e eu tentei ir mas não lembro porque não consegui.
Quando regressar a Uruguaiana vou procura-lo e relembrar esses momentos.

domingo, 23 de setembro de 2012

Detetive

O músico de bar é muito observador. Nada escapa a sua vista. Expressões faciais, corporais podem ser pistas do que vem a seguir. Que música tocar? O que vem agora? Talvez uma das perguntas que mais me fazem é "qual é a primeira música do show?" Depende. Às vezes não tem isso. Num bar a coisa é mais espontânea. Eu olho pro público e decido na hora. Sacar a temperatura vai determinar o ritmo. Começar com uma música lenta. Uma batida mais forte. Música jovem. Música antiga. Música antiga regravada...
Uma cena frequente é chegar à tarde pra passar o som e encontrar resquícios da noite anterior: guardanapos com pedidos musicais. Dão uma ótima pista. Inclusive leva ao caminho da auto-atualização. Não poderia ser melhor. Afinal, a voz do povo é a voz do povo, não, de Deus. Nah, será que é mesmo? Tenho minhas dúvidas.

Você pode ser um bom detetive ou um ótimo detetive. Ou ser péssimo. E não existe escola pra isso. O tempo é que vai fazer todo o trabalho. Te dar o ingrediente principal. Sacar as coisas. Eu posso tocar horas seguidas e saber tudo o que está acontecendo ao redor. Dá pra ouvir até o papo dependendo da distância. Saber quem está gostando, quem não está.

E você, já brincou de detetive?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Instrumentos

Não, não vou falar sobre instrumentos musicais. Não desta vez.
Hoje quero falar do GPS, não aquele GPS do carro e sim do GPS da vida(ou pra vida).
Pra onde ir? O que nos motiva? O que nos guia? Qual caminho seguir? Como percorrer esse caminho?
A vida tem sinais, sim. Instrumentos que nos auxiliam a chegar onde quer que seja: O painel do carro, do avião, da moto, o led do violão(peraí, o led do violão?). Sim, uma simples luzinha atrás do corpo do instrumento avisa que a bateria vai acabar e, bem provavelmente vai dificultar minha vida(e eu que prometi não falar de instrumentos musicais). Ah, só dessa vez.
Tudo é um instrumento pra vida, pra guiar, facilitar, inclusive o GPS. Aquele do carro. Embora todos tenhamos um GPS embutido, mais conhecido como intuição.

Um dia antes de viajar meu carro apresentou um problema justamente no painel de instrumentos. Apagou tudo. Escuro total. E a viagem era à noite. O que fazer? Já estava em cima da hora e não restou dúvida. Eu já havia percorrido aquele caminho. Conhecia-o de cor. Decidi partir mesmo não sabendo minha velocidade, a capacidade do tanque de combustível e outros avisos luminosos. Foi um risco, eu sei. Aposto que não passei dos 80 permitidos. Você só passa quando está enxergando. Pura verdade.

Olhe as setas, elas sempre indicam um caminho. E o instrumento é você. Você é o instrumento do instrumento. Talvez a única coisa que siga livre seja o vento. Sem lenço nem documento...

Semáforos são misteriosos. Ninguém sabe o que vem depois que as luzes trocam de cor. O segundo do segundo. A arrancada. A metáfora.

E quando a saudade apertar pra qual instrumento você vai olhar?
Quando o bolso esvaziar? O fim do mês chegar?

Tudo é uma coisa só... o núcleo dentro do núcleo dentro do núcleo. Me procure que eu te procuro. Me ache que eu te encontro... usando um instrumento qualquer. Não um qualquer qualquer, um qualquer específico.

Intrumento pro coração...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tudo acaba em... música!

Hoje limpando minha bicicleta(que comprei e não uso) fiz uma descoberta incrível. Algo sem querer me fez tentar tirar som dos raios e, pasme, parecia uma harpa. O som saía bastante dissonante, nada tonal e vários raios tinham a mesma afinação. Foi muito bacana.
Acredito que o Hermeto Pascoal já deva ter feito essa experiência, se bem que não lembro de ter visto uma bicicleta no palco.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Esquisitices espitituais

Me puxei pra voltar a escrever senão ia ter muita gente desistindo de vir até aqui...
Hoje vou falar sobre esquisitices espirituais(é isso mesmo que está escrito). Não fui eu que inventei, não sei se existe mas acho que vem a calhar.
Bom, vamos lá... minha internet seguido dava problema, algumas vezes era verdade outras... não sei bem o que era. O técnico chegava, olhava, fuçava e dizia: não tem nada, tá funcionando normal!
O equipamento de som(que uso nos shows) é uma máquina que deve estar sempre em ordem. Porque uso semanalmente e quase não precisa fazer manutenção. Só mando arrumar quando estraga ou queima alguma coisa. Mas às vezes acontece o inimaginável: um ruído aqui ou ali, barulhinhos estranhos que depois passam(risos).
O violão também passa por esse processo: som diferente; ruído incomum, até parece que está tocando sozinho...
Outro dia a lâmpada lá de fora queimou. Fui tentar trocar e nada. Troquei duas vezes e nada. Chamei o eletricista. O cara chegou, subiu numa escada, mexeu na lâmpada e disse: não tem nada, tá funcionando perfeitamente. Ah não. Não pode ser. Olha mais uma vez. Satisfaça o meu pessimismo, que é de graça. Realmente!
É pessoal, vai ver que é espiritual o negócio...
Pesquisem na www. pra ver se existe!