quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Barbeiro

Esse título também nos leva a pensar no causador da doença de chagas. Mas não é desse "barbeiro" que vou falar e, sim, do renome mais conhecido atualmente por cabeleireiro.
Existe, ainda hoje, em Santa Maria, um salão de barbearia, localizado à Galeria do Comércio. Fui pesquisar e descobri que está ali há 40 anos. Intacto! Ou nem tão imutável assim.
Tenho a barba muito cerrada e a pele sensível = combinação imprópria. Nada que alguns pré-cuidados não resolvam.
Um dia, com a barba bem grande e pouca paciência, achei que já era hora de tira-la. Ia tocar uma formatura ou casamento, não recordo bem, e temia que isso causasse má impressão. Lembrei-me do tal salão e como sempre tive curiosidade nele, já que volta e meia passava por aquela galeria e notava que estava sempre cheio de gente, decidi me render, afinal nunca havia pago pra alguém fazer minha barba(risos).
Fui à tarde, tipo umas 16 h. Entrei quietinho e sentei-me. Abri um jornal do dia. Mal li algumas palavras e me atenderam. Barba ou cabelo? Falou um dos "barbeiros"(pois é, ali tinham vários). Disse: barba! E fui encaminhado a uma daquelas poltronas antigas, que barbeiros usavam, lógico!
Imaginem minha euforia: tenho a nítida lembrança de meu pai fazendo a barba com aqueles aparelhos de metal aonde dentro ia uma lâmina virgem. Essa imagem me traz uma certa nostalgia pelo tempo.
Meu pai fazia esse ritual quase que diariamente, coisa que eu presenciava e apreciava.
Eu estava prestes a ser atingido pelo saudosismo quase que teatral que meu pai tanto representava.
Mas pra minha surpresa, e a de vocês também, quando já estava bem acomodado naquela poltrona e meu rosto coberto de espuma, eis que o barbeiro puxa de dentro de um pequeno saco plástico um aparelho de barbear da marca Bic?! Isso mesmo, aqueles de plástico! De cor amarela. Senti um misto de frustração e comédia. Ri por dentro, claro. Apenas o salão era antigo. O progresso já havia chegado até ali. Se bem que poderiam ter ido além. Pensando melhor, o custo/benefício dos aparelhos Bic era indiscutível. Tão acabando com a poesia!
O título da postagem poderia ser assim: aparelho Bic! Pouparia vocês de lerem toda a história. Mas até que foi divertida, né?
Se alguém quer saber, eu continuo frequentando o salão da Galeria do Comércio - quando estou com a barba grande e muito pouca paciência. Ainda deve haver um lugar onde as coisas "ainda" são como são.

2 comentários:

luise disse...

É nem tudo que é antigo é velho, querendo ou estamos mergulhados num mar de coisas novas que não acabam mais e vão substituindo os velhos hábitos dos nossos pais, admirados por nós na infância, eu particularmente lembro-me do meu avô, por eu ser descendente de italianos chamava carinhosamente de nono, ele sempre reunia toda a família no almoço e antes de comer rezava, eu achava isso tão legal e hoje em dia com a correria do dia-a-dia, chegamos em casa tão cansados que nem antes de dormir rezamos. coisas tão simples que eu admirava, hoje já não faço mais, pra falar a verdade depois que ele se foi, nunca mais foi assim na casa dele, eu vim de uma família muito concervadora e acho que isso acontecia apenas pela presença autoritária dele, autoritária no bom sentido de chefe de família, que nem por isso deixou de demonstrar o imenso amor que tinha pelos netos, queria que fosse sempre assim por homenagem a ele e para demostrar o enorme respeito que sempre tive por ele...

marcelo massario disse...

Que legal, Luise!! Adorei isso. Mas tu pode dar continuidade a isso. Afinal, como dizia Chico Xavier, ninguém pode voltar e mudar o começo mas todo mundo pode começar agora e fazer um novo fim. Heheheh. Que tal introduzir isso quando tu tiver tua familia, já que tu admirava a postura dele. Tem coisas que nunca vamos esquecer realmente. Devemos dar seguimento sim, as coisas positivas, como a educação, que hoje anda escassa. Mil bjos, querida!!