quarta-feira, 24 de junho de 2009

A história deles

Tinham muita coisa em comum. Ela sabia escolher roupas pra ele. Sabia seu estilo, o que combinaria. Ele sabia escolher roupas para ela. Conhecia seu gosto, o que ia ficar bem. Sabia escolher seus calçados.
Na praia, foram "cobaias" de comida japonesa. Confesso que gostaram. E hoje não vivem sem.
Adoravam frequentar cafés. Ele sempre pedia um cafezinho simples. Ela pedia um mais elaborado. Mesmo quando a grana era "curta". Ele falava que ia dar um jeito. Ela acreditava.
Ela pensava no futuro. Ele vivia o presente. As músicas que ele fez pra ela falavam de um passado-futuro. Ela adorava procurar coisas na internet. Uma vez achou uma cafeteira que fazia aqueles cafés "especiais". Até hoje ele não sabe usar.
Detestavam acordar cedo. Ela tinha que acordar sempre. No início adoravam conversar. Depois mal tinham tempo pra isso. Ele adorava tudo nela: seu corpo, seu rosto, sua boca, sua pele, sua bondade, sua honestidade, sua fidelidade, sua voz. Mas esquecia sempre de dizer.
No início ele tocava pra ela. Depois isso se tornou raro.
Na cozinha ela sempre improvisava coisas que se tornavam muito comestíveis e apetitosas. Ele uma vez fez um sanduíche pra ela. Mas às vezes cozinhavam juntos.
Muitas vezes ele chegava de madrugada e trazia algum lanche. Ela quase sempre levantava pra comer com ele. Muitas vezes ela não conseguia dormir enquanto ele não chegasse.
Ela lhe mandava mensagens pelo celular durante o dia. Durante os shows. Ele não gostava muito. Sentia-se vigiado. Ela foi paciente por muito tempo. Ele não tinha um pingo de paciência. Ela era calma, doce, meiga. Ele era mal-humorado, impertinente, reclamava de tudo.
Adoravam ver filmes juntos. Ela gostava de comédia-romântica. Ele de ação. Ela lhe convenceu a ver Plantão Médico. Passou a gostar mais do que ela.
Ela lhe incentivou a fazer vestibular. Ele não passou.
Ela fazia sua contabilidade. Opinava sobre sua carreira. Fazia tudo pra lhe agradar. Ele fazia tudo pra irritá-la.
Ela também fazia a contabilidade da casa. Ele só sabia contar o dinheiro.
Ela arrumava as suas coisas. Ele tirava as coisas dela do guarda-roupa.
Era tanta coisa.
Mas ainda assim se amavam e era o que importava.
Ela partiu antes de esquecer de lembrar todas essas coisas.
Porque ainda ficaram algumas coisas boas pra se lembrar.
Mesmo que tenha sido assim.
Ele a mandou embora diversas vezes. Ela sempre preferia ficar. Até que um dia...
Ela partiu pra não mais voltar.


Se alguém se identificou com a história com certeza não é simples coincidência.
Na vida as coisas se repetem e acabamos por ver o mesmo filme repetidas vezes.
Quem sabe um dia eles consigam consertar a história, que era tão bonita.
quem sabe...

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